Mesmo não sendo uma classe, gêmeos acabam de criar seu sindicato: aconteceu em São Paulo e reuniu 15 pares, além de dezenas de “simpatizantes”.

 

O interesse da associação é começar um cadastro dos gêmeos brasileiros, espécie de banco de dados para pesquisas científicas: “Estudar gêmeos é interessante tanto para pesquisas genéticas quanto para comportamento. Dá para avaliar se um fator é geneticamente determinado ou induzido pelo estilo de vida a partir do estudo de univitelinos”, explica Alexandre Ghelman, 48, cofundador do sindicato e médico especialista em neurologia do comportamento. Os gêmeos querem ser mapeados. Entrar para o Censo, se possível. Segundo Ghelman, o sindicato está fazendo contato com geneticistas, psicólogos e outros pesquisadores que baseiam seus estudos em múltiplos.

A primeira tarefa da nova associação será lançar o site “Gemialidade” dia 18 de março de 2012, quando é comemorado em São Paulo o ignorado Dia dos Múltiplos, criado pelo vereador Adilson A madeu (PTB) em 2007. “Há caso de trigêmeos na minha família, fui conhecendo outros e achei importante fazer a data”, justifica o vereador. Por meio do site, múltiplos poderão compartilhar informações e preencher uma ficha que facilitará a vida de quem quer pesquisar o tema. O objetivo maior é convencer o governo a fazer um levantamento estatístico da população de gêmeos. A reprodução assistida, responsável pelo aumento do número de múltiplos nos últimos anos, é outro assunto de interesse do sindicato: “Não somos contra esses métodos, mas sabemos que toda gravidez de gêmeos é uma gravidez de risco, então, achamos válido discutir o assunto do ponto de vista ético, ouvindo a opinião de quem viveu a experiência”, explica Ghelman. A ideia de usar o termo “sindicato” partiu dos irmãos Paulo e Chico Caruso, dupla de cartunistas que ajudou a fundar a associação: “Gêmeos são unidos e sempre conseguem o que querem”, diz Chico. Embora o grupo pretenda representar todo tipo de múltiplo, os fundadores são todos univitelinos. Já dá para prever uma chapa dissidente formada por bivitelinos, que são a maioria.

 

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Alexandre (esq.) e Ricardo Ghelman, 48, médicos, fundadores do Sindicato dos Gêmeos, dividem o mesmo interesse em pesquisar o comportamento dos múltiplos

 

JULIANA CUNHA

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

22/11/2011